Responsabilidade social

Um lar digno e sustentável

Programa usa embalagens tetra pak como base para erguer casas a famílias carentes

Divulgação -

Cada pequeno bom gesto em benefício social merece ser celebrado. No último fim de semana de agosto o arquiteto Cassius Baumgarten e a assistente social Josana Pires entregaram as chaves do novo lar de uma família da Ocupação Uruguai, localizada no início da rua Marechal Deodoro, área considerada centro de Pelotas. A construção é fruto do trabalho que desenvolvem no programa Morar Bem, criado para oferecer qualidade de vida a famílias de baixa renda, desenvolvendo uma solução acessível de moradia, "rápida, sustentável e digna". Os idealizadores buscam apoio junto ao Poder Público e à iniciativa privada para financiar e impulsionar o projeto.

O planejamento ocorreu de acordo com a necessidade dos moradores: sala e cozinha integradas, dois quartos e banheiro. Com 25 metros quadrados, a casa foi construída com material sustentável - placas produzidas a partir de embalagens tetra pak, usadas principalmente para leite, sucos e achocolatados "de caixinha" -, forro de pínus e madeira de eucalipto. Aproveita recursos da natureza, como vento e luminosidade, e segue sistema construtivo modular - o que permite que futuramente passe por reestruturação se necessário.

A produção deste modelo exigiu não mais do que 80 horas, divididas entre fabricação e montagem. A mão de obra demandou cinco trabalhadores - dois para a primeira etapa e três para a segunda. Um custo total de R$ 7.585,00.

Mesmo com tantas facilidades, o futuro do programa é uma incógnita. Para dar continuidade ao que se propôs quando ainda era estudante - "cumprir meu dever de arquiteto, atendendo à necessidade de abrigo de todas as pessoas necessitadas" -, Baumgarten precisa de parceiros. Hoje, não há recursos para atender a população de pelotenses que vive em condições precárias.

A fim de não interromper o trabalho, o arquiteto cogita mantê-lo, por enquanto, com famílias que possam arcar com os custos da obra. Foi o que aconteceu no caso da residência na Ocupação Uruguai - cujo material foi bancado pela proprietária. O problema é que o perfil socioeconômico do público que o projeto pretende atingir em geral não dispõe desses recursos. Por este motivo, os primeiros passos percorridos por Baumgarten e Josana após a conclusão da obra foram na direção de financiadores.

Nova fase
A primeira família beneficiada pelo programa é composta por duas pessoas - mãe e filha, de 29 e 13 anos de idade. A chefe da família, que pediu para não ser identificada, conta que foram quase cinco anos economizando para a construção da moradia - com reforma no banheiro - e que o sonho da casa nova se tornou realidade apenas devido ao trabalho voluntário do Morar Bem. Hoje, a balconista de padaria não teria condições de pagar por mão de obra, nem outro tipo de construção.

A antiga moradia, em madeira, composta por dois quartos, sala e cozinha integradas e um banheiro, é descrita brevemente pela proprietária: "Era horrível". Na estrutura, segundo ela, muito antiga, havia espaços entre as tábuas e um buraco abaixo da janela do quarto principal. O frio, antes fiel companheiro, não é mais um problema.

Mesmo em período de adaptação, a responsável pelo núcleo familiar está "adorando" a nova casa. "Ainda estou montando, ganhando uma coisinha de um e de outro, nem tive tempo de aproveitar". Sobre o programa, idealizado e levado adiante por Cassius Baumgarten e Josana Pires, só elogios: "É maravilhoso, é uma coisa necessária. Acho que deveriam ter mais pessoas voluntárias, que tenham conhecimento e ajudem a população", afirma ela, logo após contar que já tem vizinho interessado nos benefícios do Morar Bem.

As quatro fases do projeto
- Podem se cadastrar famílias com renda de até três salários mínimos.
- Após visita da equipe técnica, o caso é avaliado. Será beneficiada aquela que, de acordo com a equipe, necessitar de assistência mais urgentemente.
- Depois da decisão, o kit Morar Bem, que varia conforme a demanda dos moradores, será elaborado e apresentado.
- Feito o acordo entre as partes, o contrato é assinado e o kit produzido.

Saiba mais
O programa já foi apresentado a entidades dos setores público e privado, mas continua sem subsídio. Para apoiar ou saber mais sobre a iniciativa é possível entrar em contato pelo e-mail [email protected]

Sustentabilidade e responsabilidade
A caixa tetra pak, também conhecida como "longa vida", fabricada a partir de três tipos de materiais - plástico, papelão e alumínio -, leva 180 anos para se decompor. Ao longo de um ano são produzidas seis bilhões destas embalagens. Somente 14% são recicladas.

Na construção da casa Morar Bem foram utilizadas 22 placas e 20 telhas, cada unidade formada por 1,9 mil caixas tetra pak. Essa quantia corresponde a 79,8 mil embalagens que, se descartadas incorretamente, poderiam causar problemas ambientais.

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